Obrigada amora!
Anita vende a doçura em frascos. Enche-os
de compota de fruta, tapa-os e cola-lhes uma etiqueta, mas, em vez de
escrever compota disto ou compota daquilo, de mirtilos ou de pêssego, de
marmelo ou de morango, arredonda a letra e escreve apenas Doçura.
Senta-se no passeio com os frascos defronte, expostos no asfalto, junto
aos pés, e não lhe faltam clientes. A compota vende-se muito bem e
ninguém regressa para reclamar: quem compra julga que a doçura está toda
nos olhos de Anita.
[...] Às vezes, pensando nisto, Anita
ainda se entristece. Olhando-a a partir da minha janela do país onde é
quase sempre Inverno, vejo que as estrelas se lhe reflectem no orvalho
dos olhos. Vejo isto e enterneço-me. Daqui longe fecho os meus olhos e
sussurro bem baixinho a única verdade que existe – para que ela a oiça:
que não há no mundo todo maior poema do que vê-la, sentada no passeio, a
vender a Doçura que tem nos frascos. E nos olhos.
Manuel Jorge Marmelo, trechos do conto A doçura
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ResponderExcluirDas coisas q a fada atrevida nesse dia me disse:
"A Anita é vc!
Ela precisava vender, vc dá ficamos aqui fazendo fila pra ganhar nossa parte
rsrsrs "
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