sábado, 22 de maio de 2010

Cor(ação)…

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"Meu coração é um poço de mel,
no centro de um jardim encantado,
alimentando beija-flores que, depois de
prová-lo, transformam-se magicamente
em cavalos brancos alados que voam para longe,
em direção à estrela Veja. Levam junto quem me ama,
me levam junto também. Faquir involuntário, cascata
de champanha, púrpura rosa do Cairo, sapato de sola
furada, verso de Mário Quintana, vitrina vazia, navalha afiada,
figo maduro, papel crepom,
cão uivando pra lua, ruína, simulacro, varinha de incenso.
Acesa, aceso – vasto, vivo: meu coração teu."

(Caio Fernando Abreu - In Pequenas Epifânias )

terça-feira, 11 de maio de 2010

Belezas no olhar….

 

 

"Muitas vezes, olho para seus dedos e seu rosto,
quando ele toca. O arcodeão respira. Há rugas nas faces de papai.
Parecem tensas e, por algum motivo, quando as vejo, sinto vontade
de chorar. Não é por tristeza nem orgulho.
É só que gosto do jeito de elas se mexerem e mudarem.
Às vezes acho que meu pai é um acordeão.
Quando ele olha pra mim, sorri e respira, eu escuto as notas..."

(A menina que roubava livros - Markus Suzak)

“Um único momento de beleza e amor justifica a vida inteira."

 

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"Compreendi, então, que a vida não é uma sonata que,
para realizar a sua beleza, tem de ser tocada até o fim.
Dei-me conta, ao contrário, de que a vida é um álbum
de mini-sonatas. Cada momento de beleza vivido e amado,
por efêmero que seja, é uma experiência completa
que está destinada à eternidade.
Um único momento de
beleza e amor justifica a vida inteira."

(Rubem Alves)

terça-feira, 4 de maio de 2010

Simplicidades…

Tudo o que é belo tende a ser simples. Afirmação generalizante? Não sei. O que sei é que a beleza anda de braços dados com a simplicidade. Basta observar a lógica silenciosa que prevalece nos jardins. Vida que se ocupa de ser só o que é.
Não há conflito nas bromélias, não há angústia nas rosas, nem ansiedades nos jasmins. Cumprem o destino de florirem ao seu tempo e de se despedirem do viço quando é chegada a hora. São simples.
Não querem outra coisa, senão a necessidade de cada instante. Não há desperdício de forças, não há dispersão de energias. Tudo concorre para a realização do instante. Acolhem a chuva que chega e dela extraem o essencial. Recebem o sol e o vento, e morrem ao seu tempo.
Simplicidade é um conceito que nos remete ao estado mais puro da realidade. A semente é simples porque não se perde na tentativa de ser outra coisa. É o que é. Não desperdiça seu tempo querendo ser flor antes da hora. Cumpre o ritual de existir, compreendendo-se em cada etapa.
Já dizia o poeta: "Simplicidade é querer uma coisa só". Eu concordo com ele. O muito querer nos deixa complexos demais. Queremos muito ao mesmo tempo, e então nos perdemos no emaranhado dos desejos. Há o risco de que não fiquemos com nada, de que percamos tudo.
Aquele que muito quer corre o risco de nada ter, porque o empenho e o cuidado é que faz a realidade permanecer. O simples anda leve. Carrega menos bagagem quando viaja, e por isso reserva suas energias para apreciar a paisagem. O que viaja pesado corre o risco de gastar suas energias no transporte das malas. Fica preso, não pode andar pelo aeroporto, fica privado de atravessar a rua e se transforma num constante vigilante do que trouxe.
A simplicidade é uma forma de leveza. Nas relações humanas ela faz a diferença. O que cultiva a simplicidade tem a facilidade de tornar leve o ambiente em que vive. Não cria confusão por pouca coisa; não coloca sua atenção no que é acidental, mas prende os olhos naquilo que verdadeiramente vale à pena.
Pessoas simples são aquelas que se encantam com as coisas menores. Sabem sorrir diante de presentes simbólicos e sem muito valor material. A simplicidade lhe capacita para perceber que nem tudo precisa ter utilidade. E por isso é fácil presentear o simples.
Dar presentes aos complicados é um desafio. Não sabemos o que eles gostam, porque só na simplicidade é possível conhecer alguém. Só depois que as máscaras caem pelo chão e que os papéis são abandonados a gente tem a possibilidade de descobrir o outro na sua verdade.
Eu gostaria de me livrar de meus pesos. Queria ser mais leve, mais simples. Querer uma coisa só de cada vez. Abandonar os inúmeros projetos futuros que me cegam para a necessidade do momento. Projetos futuros valem à pena, desde que sejam simples, concretos e aplicáveis. Não gostaria que a morte me surpreendesse sem que eu tivesse alcançado a simplicidade. Até para morrer os simples têm mais facilidade. Sentem que chegou a hora, se entregam ao último suspiro e se vão.
Tenho uma intuição de que quando eu simplificar a minha vida, a felicidade chegará em minha casa, quando eu menos esperar.

( Padre Fábio de Melo )

De quem acha bonito ter esperança…

Do lado da cama, um incenso e uma pedra que um velho hippie me deu. Disse que dá sorte. Então, acredito. E a esfrego com tanta força como se dela pudesse sair, de repente, um gênio daqueles que atende todos os nossos pedidos. Não sai nada. Mas eu fico a imaginar. Deve haver um mundo mágico onde o coração pese mais na balança. Um lugar que não se paga imposto por sonhar coloridices.


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[eu acho mais bonito ter esperança]
.
Serena-Cris

Minha zilminha….

 

 

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'De todas as cores, azul.
De todas as flores, gérbera.
Reza toda noite antes de dormir.
Põe o pé direito pra fora da cama primeiro.
Herdou algumas supertições, além do riso fácil e do olhar ágil.
Está sempre apressada e atrasada.
Fala mais com as mãos, que com a boca.
Pensa mais rápido que fala e quase não fala o que pensa.
Aprendeu a ser comedida.
Tropeçou muitas vezes no caminho.
Já se apaixonou pra sempre.Já morreu de amor.
Não acredita mais em príncipe encantado, mas torce pra que lhe provem o
contrário todo-santo-dia.'

[Briza Mulatinho]

Um Deus em mim dança….

 

 

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" Creio que aqueles que mais entendem de felicidade...
...são as borboletas e as bolhas de sabão.
Ver girar essas pequenas almas leves, loucas, graciosas e
...que se movem é o que,de mim, arrancam lágrimas e canções.
Eu só poderia acreditar em um Deus que soubesse dançar.
E quando vi meu demônio, pareceu-me sério, grave, profundo, solene.
Era o espírito da gravidade. ele é que faz cair todas as coisas.
Não é com ira, mas com riso que se mata.
Coragem! Vamos matar o espírito da gravidade!
Eu aprendi a andar. Desde então, passei por mim a correr. Eu aprendi a voar.
Desde então, não quero que me empurrem para mudar de lugar.
Agora sou leve, agora vôo, agora vejo por baixo de mim mesmo,
...agora um Deus dança em mim! "

Friederich Nietzsche